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Como tomar decisões Através de como eu tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida


Tomar decisões nunca foi uma tarefa fácil pra mim.


Talvez seja porque eu tenho lua em libra ou porque minha mãe é muito indecisa e eu puxei isso dela, mas o fato é: eu odeio tomar decisões.


Por isso, sempre que posso, fujo delas. Empurro com a barriga mesmo, de forma consciente, pra ganhar tempo e ver se, magicamente, a coisa se resolve e eu não preciso decidir nada.


Uma das decisões mais difíceis da minha vida


Lembro que uma das decisões mais difíceis da minha vida aconteceu em 2010-2011.


Não sei se você sabe, mas eu já fui bailarina. Tenho mais de 15 anos de dança, me formei no curso técnico de jazz e ballet, fiz parte da cia de jazz da escola que eu dançava e dei aula de jazz por uns 4 anos. Eu amava isso demais! Até pensei em fazer faculdade de dança, mas depois desisti.


O fato é que eu fiz audição para trabalhar como bailarina em um circo nos EUA e passei. Fui fazer o teste achando que eu não ia passar (mais uma vez fugindo de tomar decisões), mas passei. E tinha uma amiga minha que estava lá nos EUA, trabalhando no mesmo circo, o que me empolgava mais ainda. Eu iria passar 8 meses (podendo renovar) tendo uma experiência incrível de conhecer vários lugares, várias pessoas, viver algo totalmente novo e ainda trabalhar dançando. Seria um sonho… Se isso não tivesse acontecido, 2 anos depois de me formar, quando eu estava terminando a minha pós e indo super bem na minha carreira como psicóloga.


Chegou a hora de decidir


E aí começou o tormento na minha vida, que levou meses pra passar!


Eu tinha que decidir se jogava tudo o que eu estava construindo pro alto, ia viver essa experiência e quando eu voltasse, começaria a minha carreira do zero ou se abria mão dessa aventura, seguia com a minha vida profissional decolando e continuava indo rumo aos meus objetivos pessoais e profissionais já traçados (como por exemplo, conseguir me sustentar para sair da casa da minha mãe, o que seria muito adiado caso eu viajasse).


Se essa oportunidade tivesse surgido durante a faculdade ou logo após me formar, eu não teria dúvidas: iria com certeza!


Mas naquele momento de vida, eu tinha muitas coisas que pesavam na decisão.


Eu fiquei meses pensando nisso! Esse assunto foi tema de muitas sessões de terapia e conversas com amigos e família.


Vezes eu achava que estava decidida a ir e vezes a ficar. Eu empurrei com a barriga o quanto pude! Só que, nesse caso, eu tinha um prazo: a data do embarque.


Eu tirei medida para os figurinos, tirei o visto, a passagem foi emitida… E faltando, literalmente 15 dias para o embarque, depois de muito pensar e repensar em tudo, eu decidi não ir.


Eu percebi que qualquer que fosse a minha decisão eu nunca teria certeza se aquela era a decisão certa e sempre ficaria com o “e se” na cabeça. Então, resolvi que eu teria a oportunidade de conhecer esses lugares em outro momento (claro que não seria a experiência do circo, mas tudo bem) e seguiria com aquilo que eu acreditava que era a minha missão de vida: ajudar pessoas.


Mesmo depois de tanto tempo, às vezes me bate o pensamento na cabeça “e se eu tivesse ido?”, mas tenho certeza que se eu tivesse ido, hoje eu teria o mesmo pensamento “e se eu não tivesse ido?”. Então, tudo bem. Não me arrependo.


Foram meses de sofrimento pra tomar essa decisão. Angústia, medo, ansiedade, cobrança… senti tudo isso nesses meses e quanto mais perto chegava da data do embarque, mais esses sentimentos se intensificavam. Era uma decisão muito importante e eu não queria errar.

Aliás, é isso que me faz odiar tomar decisões: medo de errar.


Como tomar a melhor decisão?


Eu tento me cercar de todas as formas que vou tomar a decisão certa e, por isso, tendo a demorar a decidir porque penso em mil possibilidades. E, nesse meio tempo, espero que uma fada madrinha apareça e me diga qual é a melhor opção, para eu não correr o risco de fazer a escolha errada. Por fada madrinha, digo amigos, tarô, mapa astral, família… qualquer coisa externa que me tirasse a responsabilidade da decisão e a certeza do caminho correto.


Bom, óbvio que essa fada madrinha nunca apareceu. E todas as vezes que eu deixei o “mundo” decidir ao invés de eu mesma tomar as rédeas, eu só me lasquei.


Esses dias ouvi uma frase que dizia que quando a gente não enfrenta um problema de frente e vira as costas pra ele, ele vem e nos pega de costas. E, infelizmente, por experiência própria, eu sei que é isso mesmo que acontece. Todas as vezes que virei as costas para um problema e fugi da decisão, o problema me pegava desprevenida. Com isso, eu não tinha mais possibilidade de escolha e as consequências eram bem piores do que qualquer decisão que eu pudesse ter tomado.


Como saber se a decisão tomada foi a certa?


Cada vez mais eu entendo que estamos nessa vida pra aprender e que a decisão que você tomar, vai ser a melhor para aquele momento. Seja porque aquele era o caminho a ser tomado, seja porque você tinha algo a aprender, mesmo que fosse na dor. E não importa o quanto você pense, nunca terá a certeza que procura.


Eu entendi que devemos agradecer pelos nossos erros, porque tudo o que a gente passa, é o que precisamos passar naquele momento, mesmo que a gente não goste. E, se não aprendermos dessa vez, a vida vai nos fazer passar por isso de novo, e de novo e de novo… até aprendermos a lição.


Me falaram que estamos nessa vida pra aprender e não para não se machucar. Como uma criança que machuca o joelho ao aprender a andar. Ela precisou se machucar pra aprender a como não fazer. Certamente ela vai fazer outras coisas e vai se machucar outras vezes, mas vai aprender a andar. Imagina como seria se ela tivesse desistido no primeiro arranhão, seja por medo, pela dor ou por não ter certeza de como fazer?!


Eu sou essa criança aprendendo a andar. E você também. A vida não tem um manual de instruções. A gente tenta, erra, fica mal. Tenta, acerta, fica bem. E assim, vamos até o dia da nossa morte: aprendendo a andar e percebendo que nenhum joelho ralado ou pé quebrado supera a felicidade de quando finalmente conseguimos andar e somos tomados por um sentimento de orgulho porque todo o esforço valeu a pena!

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